Pesquisa detecta vírus associado à formação de cânceres bucais em pacientes com HIV

28/06/2013 16:59

Um invento portátil, barato, de simples uso, baixo custo e capaz de oferecer um diagnóstico, dentro de poucos minutos, na área de Patologia Bucal. Esse foi o resultado de uma pesquisa elaborada em conjunto por professores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para detectar a presença do vírus Epstein Barr (EBV) em saliva de pacientes HIV positivos.
O estudo foi elaborado no período de novembro de 2010 a maio de 2013. “O novo dispositivo não necessita de equipamento e profissional especializado para interpretação dos dados, diferente das técnicas atuais que duram horas ou até dias para obtenção de resultado, com necessidade de laboratório treinado, com equipamento e profissional qualificado para diagnóstico”, explica a pesquisadora da UEA, professora Michella Lima.
O sistema está em processo de análise de patenteabilidade na Agência Inova da Unicamp e recebeu financiamento no valor de R$ 61 mil, por parte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Já o custo do produto final é de cerca de R$3,56 por teste.
A pesquisadora explica que o estudo refere-se à primeira etapa de desenvolvimento do sistema. “Estamos na fase de pesquisa básica e precisamos realizar, ainda, um estudo clínico mais amplo que atenda às especificações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para que possa ser aplicado clinicamente. Após todos os estudos o sistema de detecção poderá ser usado em qualquer município do Estado do Amazonas”, enfatiza.
O estudo também faz parte do doutorado da professora Michella Lima em Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), pelo qual recebeu o segundo lugar no Prêmio de Inovação Tecnológica em Odontologia, promovido pela Comissão de Pesquisa da FOUSP.
“Após a defesa de tese agendada para julho, irei publicar os artigos científicos, para em seguida, solicitar minha inclusão no Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da UEA e Instituto de Medicina Tropical do Amazonas, para propormos a continuidade dos estudos clínicos”, detalha.
O estudo conta, ainda, com a participação dos pesquisadores, Fabio Daumas da USP e Lauro Kubota da Unicamp.

Sobre o EBV

O EBV está associado à formação de cânceres em pacientes HIV positivos e por ser um membro da família do vírus herpes humano está presente na saliva de indivíduos saudáveis, em porcentagem que varia de 30 a 95% da população adulta mundial.
Segundo a pesquisadora Michella Lima, em pacientes imunocompetentes (indivíduos cujo sistema imunológico responde normalmente) gera uma doença chamada mononucleose infecciosa, que possui sinais e sintomas semelhantes a uma gripe e apenas utiliza medicação paliativa. Já os pacientes imunocomprometidos, HIV positivos e transplantados, por exemplo, este vírus pode gerar mutação nos linfócitos, que são células de defesa do organismo, e estas células podem começar a proliferar sem controle, gerando distúrbios linfoproliferativos e alguns tipos de câncer, como os linfomas.


Fonte: Universidade Estadual do Amazonas