Minha primeira consulta com o infectologista

18/07/2012 18:54

                Mesmo já tendo conhecimento sobre meu diagnóstico, eu precisava aguardar o resultado do western blot para confirmar os resultados, são exigências impostas pelo ministério da saúde. Porém eu já tinha uma consulta marcada e acreditava que o médico iria solicitar alguns exames, como CD4 e carga viral.  

                Eu andava muito triste, e sem motivação. Estava muito sensível, qualquer coisa me fazia chorar. Conversar com alguém sobre HIV então, nem se fala, eu tinha prantos de choro.

                E não foi diferente em minha primeira consulta. Estava marcada para 12h30min, era por ordem de chegada. Fui o segundo a chegar, antes de mim só havia uma senhora que aguardava na fila. O médico demorou um bom tempo para aparecer, e neste intervalo eu comecei a ler algumas cartilhas sobre AIDS. Na verdade eu não consegui ler nenhuma até o final, pois eu comecei a chorar. Sim, eu estava um verdadeiro chorão, eu até tentava segurar, mas não conseguia.

Aquela senhora fora muito simpática, perguntou se estava tudo bem e se eu precisava de alguma coisa. Eu não queria falar nada a respeito, disse que estava tudo bem. Porém ela insistiu:

    − “Você descobriu que esta com HIV?”.  

Sem dizer nada, apenas afirmei balançando a cabeça e enxugando as lagrimas. Sem rodeios ela prosseguiu: “Posso te dar um abraço?”. Consenti seu pedido recebendo um abraço acolhedor. Ela disse que ficaria tudo bem, conversamos um bom tempo sobre tudo que estava acontecendo.

Assim que tive uma oportunidade, perguntei se ela era soropositiva também. Ela disse que não, que estava ali porque sofria de um câncer de mama seguido por várias complicações, por isso tratava com um oncologista e um infectologista. Foi muito bom conversar com aquela senhora, tão simples e acolhedora.  

                Quando entrei ao consultório, contei ao médico minha situação e entreguei meu resultado positivo do teste rápido, e um resultado indeterminado do Elisa. Após analisar os resultados, ele desse algo que me deixou muito surpreso:

    − “Mais uma vez, as meninas aqui do CTA passaram o “carro na frente dos bois”, este resultado positivo para o teste rápido não quer dizer nada! Se você estiver gripado este resultado pode acusar positivo. O que você tem que fazer é um exame confirmatório, o western blot, e quando tiver o resultado você deve voltar aqui. Fora isso, não se preocupe, este exame tem muitas chances de ser um falso-positivo.”.

                Apesar de dois testes rápidos terem acusado reagente, um Elisa indeterminado, e saber que o meu namorado também tivera dois resultados positivos, aquela conversa me encheu de esperanças. Em meu íntimo eu tinha certeza do diagnóstico, mas a esperança é sempre a última que morre.

                Foi mais um mês naquela angústia. Fiz tantas promessas que não me lembro de quais foram. Pedi a Deus um milagre, pois naquele caso, somente um milagre para fazer com que o resultado do western blot acusasse “não reagente”.  Mais um mês sem dormir – sabendo a verdade, mas acreditando que a sorte poderia sorrir pra mim.

                Pessoal, por hoje vou parar por aqui. Só quero fazer um esclarecimento.  O teste rápido para HIV, realmente é mais abrangente, ou seja, é um exame que tem muito mais chance de gerar um falso-positivo. Mas nem por isso não devemos dar importância ao teste. Outros infectologistas que cheguei a conversar em outras oportunidades, me explicaram que o resultado desta metodologia deve ser investigado. Fiquem atentos, obtendo um resultado reagente nesta metodologia, deve ser feito o western blot – um exame considerado “padrão ouro” sendo mais específico, as chances de gerar um resultado falso-positivo são quase nulas.

                Um forte abraço a todos, e até mais!! =D