Mais um mês de agonia...

20/07/2012 23:03

    Ouvir o Dr. B. dizer que somente após o resultado do western blot meu diagnóstico seria definido, despertou em mim uma enorme esperança. No fundo, no fundo eu já sabia a verdade, mas como dizem, esperança é sempre a última que morre.  

     Aquele dia, saí do consultório um tanto feliz. Era como se estivesse vivendo um pesadelo e dentro de um mês no máximo, tudo iria se resolver. Repensei minhas atitudes, e prometi a mim mesmo que seria mais responsável a partir daquele dia. Iria preservar minha saúde, afinal, havia aprendido que a saúde é o bem mais precioso que temos.

       Passar aquele mês aguardando o resultado foi um martírio. A ansiedade tomava conta de mim, tirava-me às noites de sono, idealizando um resultado “não reagente”. Afirmo com toda certeza, que este foi o maior desejo que já cobicei.

       Apesar de acreditar em Deus, nunca fui religioso, comparecia as missas ocasionalmente, mas diante deste desespero passei a ser assíduo a igreja, fiz tantas promessas que possivelmente não iria cumpri-las. Confesso que fui hipócrita, mas estava desnorteado, seria capaz de fazer qualquer coisa para poder-me livrar daquele pesadelo.

     Contudo, a verdade seria descoberta, e era preciso, pois pior que viver com HIV, é viver com a dúvida ser ou não soropositivo.

     Em poucas semanas o resultado já estava disponível no CTA. Ao entrar no consultório, eu estava muito apreensivo.  O Dr. B. cumprimentou-me e solicitou o resultado de alguns exames de rotina que ele havia prescrito. Após analisar os papéis ele respondeu:

                −“Bom, quanto a estes exames você pode ficar tranquilo, está tudo ok. Já o western blot acusou reagente mesmo.”.

      Apesar de ter jogado um “balde de água fria” em minhas esperanças, não foi tão dolorido ouvir a confirmação. Como disse, eu já esperava pelo pior, seria muita sorte um resultado diferente.

      Conversamos por cerca de meia hora sobre a doença, tratamento, enfim, tratamos de esclarecer algumas dúvidas que ainda persistiam. Saí cabisbaixo, triste, mas podendo agradecer a Deus por uma coisa - ao menos eu tinha descoberto bem recentemente, estaria seguro que não iria sofrer de nenhuma enfermidade, já que meu sistema imune seria controlado a partir dali. Procuraria seguir hábitos saudáveis, e quando fosse necessário, iria aderir ao tratamento, queria viver bem.

     Ter o conhecimento sobre o “veredito final”, apesar de dolorido é crucial. Conhecer nossa sorologia é tão importante quanto diagnosticar um câncer, ou identificar uma diabetes ou hipertensão. É preciso que as pessoas não tenham medo de se testar. Viver com HIV é possível.

     Hoje posso dizer que, de certa forma vivo melhor do que antes, afinal eu me cuido mais. Vou ao médico com mais frequência, faço exames de rotina regularmente. Tenho um acompanhamento médico eficaz. E isto é extremamente importante para se viver bem. Identificar qualquer doença no inicio, seja ela qual for, é a melhor maneira de aumentar sua expectativa e qualidade de vida.

         Procure um CTA, faça o teste anti-HIV, tire o peso da dúvida e faça o melhor para você mesmo. Descubra sua sorologia, pois se o seu medo é descobrir ser soropositivo, o meu é outro – é acreditar que esta tudo bem, sem saber se realmente esta.