Casais soropositivo fazem tratamento contra a Aids em conjunto

28/06/2013 17:08

Em casais formados por um parceiro soropositivo, o tratamento correto com antirretrovirais reduz em 96% o risco de contaminação pelo vírus da Aids, segundo estudo da Fiocruz. Ainda assim, especialistas recomendam o uso de preservativo

 

No mesmo dia em que recebeu o diagnóstico de que tinha sido infectado pelo vírus HIV, Diego*, hoje com 28 anos, contou à então namorada. Havia três anos que ele estava com Lara*, da mesma idade. Durante o tempo, mantiveram relações sexuais sem camisinha. “Não havia conforto algum que eu pudesse oferecer. Eu ainda não sabia nada a respeito do meu estado de saúde — se minha carga viral era alta ou baixa, o que influencia nas chances de transmissão. Até o resultado do primeiro exame dela, que demorou 15 dias e veio negativo, eu não senti nada além de pura angústia. Foram os piores dias da minha vida”, conta Diego, que descobriu ser soropositivo em 2010.

Essa situação não é exclusiva de Diego e Lara. Entre os muitos desafios da vida de um soropositivo, manter relações amorosas — principalmente com pessoas que não têm o HIV — parece ser um dos mais difíceis. Interessado em desvendar as vulnerabilidades enfrentadas por um casal sorodivergente, Nilo Martinez, psicólogo especialista em doenças infecciosas, desenvolveu durante quatro anos uma investigação com 17 casais de sorologias diferentes, sendo 13 heterossexuais e quatro homossexuais.

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No Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz, Martinez tentou entender melhor a realidade desses casais. E, segundo ele, as chances de contrair o vírus não são tão grandes se o portador tomar os medicamentos corretamente e conseguir manter baixa a carga viral. “O teste HPTN 052 comprovou que os antirretrovirais utilizados pelo parceiro soropositivo protegeram em 96% o parceiro soronegativo”, conta o psicólogo, que também foi integrante do grupo de pesquisa por trás desses testes em 2006.

Martinez concluiu que a maioria dos soropositivos soube que estava infectada pelo HIV a partir de exames em laboratórios privados. Eles também não tiveram o aconselhamento pré e pós-teste, conforme determina o Ministério da Saúde. “Alguns receberam o resultado por telefone e por e-mail, o que também está em desacordo com as regras oficiais. Além de causar problemas psicológicos e emocionais sérios, essa experiência afeta negativamente o entendimento da infecção pelo HIV, além da importância da prevenção secundária como forma de evitar a reinfecção com outras cepas virais”, destaca o